quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Casas dos órfãos - Sementes do Amanhã


Manuel e Mafalda são dois jovens portuenses que passaram dois meses em Fonte Boa. Deixamos aqui o seu testemunho relativo a sua experiência nas casas dos órfãos:

"A nossa experiência com o projeto Sementes do Amanhã, embora de curta duração, foi-nos extremamente enriquecedora, na medida em que, pudemos entrar em contacto próximo com uma realidade que nos era completamente desconhecida.
Tipicamente à europeu, nós esperávamos encontrar crianças emocionalmente fragilizadas, marcadas pelas lacunas familiares que lhes são impostas pela vida. Esta ideia não corresponde minimamente à que realmente encontramos. Imaginem a cara de felicidade de uma criança ao desembrulhar um presente no dia de Natal. Agora multipliquem esse momento por 24 horas durante 365 dias por ano. Foi esta a realidade com que durante dois meses nos deparámos, apesar das condições precárias (comparadas com o que nos parece tão banal). 
Cada casa apresenta quatro compartimentos com o essencial e indispensável: uma sala multifunções, dois quartos e uma dispensa. Na zona exterior, existe um conjunto de estruturas de apoio à casa, duas casas de banho, duas latrinas, um sítio onde as refeições são preparadas, um galinheiro e uma machamba.
Por casa são apoiadas 7 a 12 crianças com idades compreendidas entre os 4 e os 13 anos. De modo a “supervisionar” as crianças, existem duas “mamãs” que desempenham o papel afectivo e educativo que seria de esperar de qualquer mãe ou pai.  
É notório o ambiente familiar presente em cada uma das casas, que ao invés de uma família comum, se alastra por toda a comunidade envolvente bem como a todas as pessoas ligadas às casas.
Rapidamente, para nós, o nosso relacionamento com as casas deixou de ser a de uns “azungos” (brancos) que vinham brincar e ensinar umas palavras de português, para sermos acolhidos como o 13º e 14º filhos, tal foi o carinho e entrega que sentimos.
A nosso ver, este projecto e a maneira como está arquitetado, possibilita a estas crianças, que de outra forma não teriam possibilidades, de criarem raízes sólidas para germinarem e mais tarde darem fruto."

Manel e Mafalda




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